Naperons – Uma Tradição Portuguesa
Desde decorar o sofá à própria televisão, era muito usual a utilização dos naperons, tradição essa que tem vindo a ser deteriorada ao longo dos anos pelo seu aspeto “antigo” e muitos jovens e gostos modernos não se adaptam à sua utilização.
Sendo uma tradição entranhada na população portuguesa, é ainda habitual ver estes “trapos” em casa dos avós ou em alguma exposição, sendo que antigamente dizia-se que uma casa sem naperons não seria uma casa verdadeiramente portuguesa e, portanto, era utilizado como oferta quando havia casamentos ou nascimentos de novos elementos na família.
A História do naperon
Este era bastante utilizado na década de 70 e 80 pelas famílias portuguesa, maioritariamente feitos à mão e sendo ofertas entre familiares.
O naperon é um produto do crochet, sendo este um tipo de artesanato feito com uma agulha específica para o efeito. Adaptado à população portuguesa, este artesanato apresenta um formato que todos os portugueses reconhecem mal o vejam.
Este pedaço de tecido era bastante utilizado para colocar nas mesas, televisões, sofás, camas e até em armários e estantes. Isto porque muitas mesas são feitas de madeira maciça e com o peso de um vaso com flores poderia riscar facilmente e, portanto, perder algum do seu valor. Para combater este obstáculo seriam colocados naperons entre a mesa e o objeto que queria-se proteger para que não tivesse problemas futuros.
Naperon e Crochet
Como dito anteriormente, o naperon é uma adaptação portuguesa do crochet, este último é caracterizado por o uso de uma agulha de ponta rodada em forma de gancho quer serve para segurar um fio de tecido, arte esta que não se conhece a origem embora se suspeite ter começado na pré-história, tendo sido desenvolvido no século XVI como o crochet que conhecemos hoje.
Em Portugal, o crochet e subsequentemente o naperon era muito cobiçado pelas mulheres visto ser uma arte praticada no período antes da ditadura onde as mulheres não tinham autorização para estudar, votar, trabalhar ou a realizar outra atividade para além de cuidar das crianças em casa.
Para ocupar o seu tempo as senhoras desta época tinham aulas de artes manuais sendo uma delas o crochet para fim de aprimorar a sua casa, sendo até consideradas por “mulheres prendadas” caso conseguissem dominar esta arte o quanto antes e assim conseguindo um trunfo para o casamento.
Hoje em dia com a evolução as mulheres obtiveram os mesmos direitos que os homens e, portanto, ocupam atividades com maiores responsabilidades e consequentemente a aprendizagem de artes manuais acabou por ficar para trás e a utilização de naperons em casa também começaram a cair no desuso.